Estas partituras, escritas a partir de instruções, convocam um conjunto de acções sujeitas à livre interpretação, sublinhando a liberdade e autonomia de quem as lê e interpreta.
Todos os corpos seguem as quatro estações e nelas se fundem. Estas partituras são propostas para te deixares ir, para te fundires no ordinário e no extraordinário da natureza. Observa-a e tem o prazer desmesurado de te imiscuíres.
Caminha. Deixa-te ir. No começo era o movimento, a vida embrulhada na Terra. Os corpos, tantos e tão variados, fundiram-se até se erguerem sobre os dois pés, oscilando e visando o equilíbrio, pois os corpos são campos de forças atravessados por mil vectores, tensões e fruições. De que é que o teu corpo é feito? Qual é a tua síntese? Qual é o teu ritmo? O teu espírito arrebata-se? O teu pensamento desmancha-se? A tua pele delicada esburaca-se e decompõe-se?
Esse teu corpo, essa tua força, fez com que te começasses a mover, na verdade, a dançar. De início, apenas para te divertires, mas, por fim, com a tua vida a ser-lhe dedicada. Desde que te começaste a mover nunca mais tiveste paz contigo, oscilando entre inquietações de toda a espécie. Caminhas nessa complexa acção que obriga o corpo ao contínuo e perpétuo acto de queda e recuperação. Por um lado, queres encontrar estabilidade, parar de te moveres e deixares-te apoderar por algo. Por outro lado, queres medir a amplitude da tua ignorância e descobrir uma outra verdade.
Design Joana Linda
Texto Sara Anjo
Revisão de Texto Ana Luísa Valdeira